11.11.09

Sutilezas

Sutilezas

Corro os olhos nebulosos
Apago as luzes do vento
Sinto a cor do absurdo...

Aqueço o céu cinza
Deixo a água sorrir
Esqueço de apagar o grilo...

Me aconchego na floresta
Colhendo pétalas da manhã.

Paola Caumo

18.10.09

Minúcias


Minúcias


Pétalas afagam olhos tristes
de dias cheios de enfado.

Verdades existenciais sentam
em pedras de cotidianos pecados.

Lírios sorriem para a rua
enquanto o homem vai apressado.

São signos paradoxais
vestindo corações desfolhados.

12.10.09

Grito


Grito

No diafragma aberto
o (des)concerto do ar
uma música
que foi deixada
sem letra, sem rumo
suplicando melodia.

Paola Caumo

10.10.09

Poesia é sexo


Poesia é sexo:
Puro!

Êxtase,
erupção,
exaltação!

Desejo,
ousadia,
melodia!

Encontro,
doação,
emoção!

Deleite,
prazer,
vida!

Paola Caumo

Verbo

Feres feito espada
cravada no peito.
Tu, verbo clandestino,
que sem pudores
revela o destino

Maldito, bendito,
consciência do infinito
Não deixas meu sono tranqüilo:
apontas meus desencantos,
com o teu verbo santo

Tu, verbo da glória
e meu profundo grito
Hemorragia de letras
espalhadas em meu ventre

Tu, verbo imoral,
navalha da língua,
verso decisivo

Eu, verbo
e não substantivo

Paola Caumo

4.10.09

Bem-Vinda Primavera!

Momentos

imagem do google
Antes eu quisera
que fosse agora
ou que fosse amanhã
E nesse desejo
fora de hora
perdia a luz de
cada dia de sol
de cada noite estrelada
Antes eu sonhara
que seria feliz
algum dia
Oh, mera fantasia!
Tantos sons nas
cores desse instante
e eu lá
pensando no distante
Mas agora te pego
Momento meu
E te vivo
Te sofro
Te amo
Te dou a alguém
Que amo também
Te somo
ao universo
de meus segundos
e assim
faço meu mundo
Na delicadeza
da brisa
Na velocidade
do som
Te viro ao
avesso
e te remexo
Descubro
teus segredos
que são os meus
Depois...
Depois te guardo
na lembrança
E me entrego
pro teu
instante porvir
que será
então
único
outra vez

Paola Caumo

1.10.09

Federico García Lorca

As seis cordas
Federico García Lorca*

A guitarra
faz soluçar os sonhos.
O soluço das almas
perdidas
foge por sua boca
redonda.
E, assim como a tarântula,
tece uma grande estrela
para caçar suspiros
que bóiam no seu negro
abismo de madeira.

*Federico García Lorca,  poeta espanhol , nasceu em 05/06/1898 e partiu em 19/08/1936.

30.9.09

Do poetar

Tem um provérbio latin que diz "Nulla dies sine línea" – Nem um só dia sem uma linha.
Será mesmo que o ato de escrever deve ser um exercício constante?
Por que minha poesia é tão insolente, autônoma, volúvel?
Ou ela vem como um tsunami ou se recolhe em seu recôndito secreto e mergulha no silêncio por dias, meses.
Fica a pergunta: É possível  domar a poesia, ou serão apenas frustradas tentativas de tirar leite de pedra?

28.9.09

Profundidades

Prefiro a dor do absurdo
a esse mundo apático
corrompido, sem sentido...

Prefiro a morte em silêncio
a palavras esdrúxulas
e aparências vazias...

Prefiro ossos rompidos
a idéias mesquinhas
e condutas banais...

Prefiro a poesia abismal
a versos felizes
ocultando meu mal...

Paola Caumo

23.9.09

Simultaneidade

Nos labirintos da razão
a insanidade pulsa verde,
como um pássaro que ressoa
pelas trilhas do vento.

Sem pressa em partir,
dessassegada por natureza:
entoa seu canto e desatina.

Paola Caumo
23/09/2009

22.9.09

Indelével
















foto: Marcelo Moreira

Indelével

Não importa
se o aço corrói
se o tempo maltrata
se a vida quase escapa

Na estética da flor
sempre haverá doçura
uma doce ternura:
imaginário do amor.

Paola Caumo
22/09/2009