14.11.10

Despedida

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Olho-me no espelho

Não me reconheço
Algo nas marcas da idade
me mostram algo que perdi.

Talvez sejam as dores do caminho,
talvez os sorrisos fartos.
Algo é certo:
Essas marcas não estavam lá.

Depois de muitos olhares
me dou conta que sou eu,
EU MESMA!
No afã da da vida corrida
desapercebi-me da estética:
A estética do tempo.

Inexorável ele penetra de mansinho
na nossa alma, no nosso corpo
em todos nossas brechas.

Então somos isso:
O resultado de nossas vivências,
embora muitas vezes o espelho
teime em nos atualizar a verdade.

Paola Caumo

Encontros e Despedidas (Milton Nascimento)

Foto: Marcelo Moreira


Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai querer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar

E assim chegar e partir
São só dois lados da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar

Milton Nascimento

25.6.10

Evolução

Foto Marcelo Moreira

Evolução

A cada um,
sua jornada única:
rumo a si mesmo.

Paola Caumo
24/06/2010

20.6.10

Pretérito Imperfeito

Matisse


Pretérito imperfeito

Memórias (in)conscientes,
vestes encobertas.
A flor da pele: presente

Paola Caumo
18/06/2010

17.6.10

Preterida

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Preterida

Na semi-final
- bati na trave -
fui pra reserva.

Paola Caumo

16.6.10

Saudades às avessas

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Saudades às avessas

Ando cansada,
do tempo que corre impaciente,
do trânsito que "enlouquece" as pessoas,
do afeto que passa correndo pelo nossos corações.

Ando pensativa,
nas facilidades da vida contemporanea,
e das dificuldades dos seres humanos encontrarem-se:
nas calçadas das casas, nas festas de domingo,
nos almoços marcados com esmero e antecedência.

Ando reflexiva,
sobre a epóca em que o tempo tinha tempo para
momentos compartilhados e não compromissos apressados.

Ando ambígua,
pois apesar de adorar meu existir na modernidade,
tenho saudades de um tempo que não vivi.

Paola Caumo

12.6.10

Maquiavélico dia

 


Maquiavélico dia

Olhos cansados,
angústia que consome.
Por fim, um sorriso teu.

Paola Caumo

9.6.10

Vaidade

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Vaidade

Sua soberba extremada,
preparou-lhe seu legado:
Ribanceira.

Paola Caumo
09/06/2010

Hoje não tenho nada a dizer



 Hoje nada tenho a dizer

Recolho-me no silêncio.
Deixo o arco-íris dar seu recado:
um pote de amor.

Paola Caumo

6.6.10

3.6.10

Estações

Homenagem ao meu amorzão

Hoje eu quero fazer uma homenagem ao Marcelo.
Ele é a pessoa que ilumina meus dias.
Com beleza, humor, carinho, cuidado e alegria.
Não há poesia que descreva o que ele é na minha vida.
Marcelo é o próprio poema, uma ode ao amor.
Obrigada meu lindo, por partilhar a vida comigo.
Te amo!
Paola Caumo

30.5.10

Parlatório

Parlatório
Uma reflexão


As vezes invejo os gatos: "Blá, Blá, Blá, whiscas sache". Os humanos falam, falam, falam, e os felinos registram apenas o que interessa: a comidinha saborosa que vai para seu pratinho.São seletivos e compreendem exatamente o que interessa para seus instintos existenciais. Mas apesar disso, são bichanos extremamente carinhosos, brincalhões, compreensivos. Sabem fazer-se entender com um olhar, com uma parada estratégica, com um miado ao lado da porta, enfim, se comunicam melhor que muita gente.

Eu passo os dias ouvindo discursos de tudo o que é gênero e sinceramente, me cansa! Pouca objetividade, pouca escuta do outro, pouca troca de conhecimento, é um blá,blá, blá sem fim; nem ao menos whiskas sache.

Aí eu me pergunto? Onde chegaremos com esse parlatório vazio, as vezes enfeitado de conceitos téoricos, artimanhas de manipulação, se não há espaço para construção, apenas para repetecos pré-concebidos, estabelecidos e cheios de razão.

Cadê a dialética, o falar, o escutar o outro, o pensar no que o outro argumenta, cadê a reflexão para o surgimento de novas idéias?

É sempre fato dado, ou palavra dada para o convencimento de pessoas que tem toda uma gama de conhecimentos teóricos e emocionais, prontos para contribuirem para avançar no debate e na construção de novas possibilidades.

Eu amo as palavras. Admito que ultimamente elas me oprimem. Não posso aceitá-las sem toda sua riqueza que constróem expressões maravilhosas, com sabedoria milenar, sempre prontas a estabecer o caos, formar novas (des)ordens, transmitir emoções, sensibilidades, sentimentos, que realmente tem haver com a vida das pessoas e não apenas com ditados acadêmicos há muito superados.

Não me entendam mal. Considero demais os estudos científicos e toda a gama de conhecimento gerada para a humanidade. O que não aceito é que se pegue uma frase aqui, outra ali, para reforçar parlatórios sem significado.

"Parafraseio o Alberto Caeiro, num texo de Ruben Alves: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.” Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg – citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.” Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos…" (in Curso de Escutatória – Rubem Alves)

Eu complementaria, não basta apenas ter boca para falar. É preciso falar para os outros realmente ouvirem, não para a gente mesmo. É preciso silêncio até para falar, para dar ao outro a chance de elaborar suas próprias opiniões. E claro, deixar nosso interlocutor manifestar-se, sem estar pronto para contestar.

Não me tomem por exemplo, com certeza também me enquadro dentro do parlatório. É apenas uma reflexão para sermos mais coerentes com os seres humanos melhores que queremos ser.

Paola Caumo
30/05/2010

Borboletras

Apaixonada

Poetrix com companhia

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LADAINHA
Paola Caumo

Ouço vozes.
E o pior,
não são do além.

******

MAINHA
Lili Maia

Voltarei tarde
por ora dispenso
tua ladainha

Leia mais desta poeta em Lili Poeta
******

ESCUTA
Regina Lyra

Neste momento não ouça
vozes,
apenas sinais de vida.

Leia mais desta poeta em  Regina Lyra
******

18.3.10

Pequena evidência


Pequena evidência



No fundo de meu vazio
uma certa esperança
ronda tecidos intocados
- a solidão pronta para sorrir -

Paola Caumo
18/03/2010

11.3.10

Implosão

Imagem Google

Entre risos e diálogos
um tanto monótonos e repetitivos
existe um vulcão interno
segurando larvas incandescentes
que ardem em meu âmago.

Esse embrulho sem celofane
queimando emoções
tão delicadamente guardadas
no pacote de recicláveis.

Enquanto a mutação não se faz
o peito explode em fagulhas dolorosas
mescladas no ser social
cuidadosamente construído.

Sem enlouquecer por fora
e no aparente espécime humano
que se degladia internamente
procurando uma saída
para a dor que teima em existir
apesar de todas (m)artimanhas
politicamente corretas.

Socorro!
O bom senso está de saco cheio.
O tsunami está em ebulição
e salvarei-me se puder!

Paola Caumo
11/03/2010