8.2.07

Palavras para que?

Palavras são um imenso tesouro.
Eu preciso das palavras para poder suportar a realidade.
Não importa o que eu escreva. Importa é limpar minha alma das dores e mágoas que me enchem de morte; ou meu sentimento pleno de vida, de força que me enchem de amor.
Eu sou dual e a minha expressão é o que eu sou. Ora vida, ora morte, ora amor, ora medo.
Quem é que disse que temos que ser perfeitos e escrever apenas as maravilhas da vida?
Preciso tirar os punhais que sufocam meu peito antes que eu sucumba. É a minha força perante a fraqueza. É a minha luta perante a melancolia, a raiva, o não ser.
Clichês? Trivial? Não importa. É o que eu tenho em mim e nem sempre somos originais.
Não sou dona da verdade, mas é a verdade de meus momentos, das minhas mágoas, da minha fragilidade.
E me decepciono quando as pessoas que amo não entendem o que é esse sentir exacerbado, lancinante.
Uma vez fiz um blog que era puro veneno. Que bom que o fiz! Tirei o veneno de mim e depois deletei o blog.
Pior são os venenos que ficam no coração espizinhando as pessoas queridas, sem ao menos terem noção do que estão fazendo. Aqueles sentimentos que estão sempre pairando no dia-a-dia, assombrando os relacionamentos, machucando quem está por perto.
Na vida não existe borracha, não existe esquecimento.
O que existe é elaboração, perdão, compreensão. Mas como compreender o outro sem diálogo, se não sabemos o que passa em sua alma? Impossível. Será sempre considerado fraqueza, falha de caráter, egocentrismo e por aí afora.
As pessoas acham que podem conviver com pequenos machucados, mas ao somaram-se viram uma bola de neve e arrastam quem estiver ao seu lado. E isso é o pior de tudo: o julgamento implacável, sem direito a defesa, sem perguntas, sem interjeições, sem pausas, apenas com pontos finais. Ou aqueles que fazem de conta que ouvem, mas não escutam; que entendem, mas não compreendem. E o que fica? Sua visão fechada e encerrada sobre qualquer coisa.
Sim. As palavras ferem! Mas as palavras também libertam para os que tem coragem de, ao passar o dedo na ferida (sua ou alheia), ter a capacidade de compreender a dor, sem ignorá-la, e assim limpar seu coração.

08/02/2007
Paola Caumo