1.4.07

Pane aérea

Trocadilho

Crise aérea: bem se vê
que não se pode morar nas nuvens,
ou não se pode mais descer.
Controladores em greve ou surto
e os homens querendo pousar e decolar.
E como dizia Pessoa "Viver não é preciso"
e a essas alturas, nem voar é preciso.

01/04/2007
Paola Caumo

30.3.07

Promessas

são palavras vazias
não resistem a atitudes
desvanecem-se.

30/07/2007
Paola Caumo

escrachada

vida bandida, esdrúxula
filetes de sangue na testa
meu violão está sem cordas
consciencia mata aos poucos
sem coragem de acertar o coração
porque esse é o mais vulnerável de todos
acredita no amor
e se machuca -sempre-

29/03/07
Paola Caumo

Rosa sem viço

As rosas que ontem desabrocharam
hoje acordaram mortas.
Suas pétalas se despedaçaram em prantos
e a esperança findou seu caminho.

Nenhuma rosa sobrevive sem amor,
agredida ela se encolhe e fina.
Não basta apenas perfumar a vida do outro.
É preciso de água, carinho, compreensão.

Algumas pessoas preferem rosas de plástico
sem seiva, sem cor, sem sabor.
Essas são maleáveis ao desejo de outrem.
Podem ser depositárias de raiva, frustrações
da falta de conhecimento de si mesmo.

E o paradoxo é que querem as rosas de plástico
vivas, não para a troca, mas para ter o poder
de matá-las, pouco a pouco, como se assim
tirasse de si, a dor que o acomete.

Podem dar muitos nomes a esse comportamento,
mas é apenas egoísmo, covardia, soberba.

Algumas sementes porém caem em terra
e com sorte encontram o adubo da amizade
para renascer vicosas e perfumar o jardim da vida.

São etapas de vivência e sofrimento,
mas ainda não é o fim.

O fim sempre é o começo de outra história
e, após o luto, a vida tem que continuar.
Assim o é. Apesar da dor e do medo.

Até a próxima rosa!

28/03/2007
Paola Caumo

23.3.07

8.2.07

Palavras para que?

Palavras são um imenso tesouro.
Eu preciso das palavras para poder suportar a realidade.
Não importa o que eu escreva. Importa é limpar minha alma das dores e mágoas que me enchem de morte; ou meu sentimento pleno de vida, de força que me enchem de amor.
Eu sou dual e a minha expressão é o que eu sou. Ora vida, ora morte, ora amor, ora medo.
Quem é que disse que temos que ser perfeitos e escrever apenas as maravilhas da vida?
Preciso tirar os punhais que sufocam meu peito antes que eu sucumba. É a minha força perante a fraqueza. É a minha luta perante a melancolia, a raiva, o não ser.
Clichês? Trivial? Não importa. É o que eu tenho em mim e nem sempre somos originais.
Não sou dona da verdade, mas é a verdade de meus momentos, das minhas mágoas, da minha fragilidade.
E me decepciono quando as pessoas que amo não entendem o que é esse sentir exacerbado, lancinante.
Uma vez fiz um blog que era puro veneno. Que bom que o fiz! Tirei o veneno de mim e depois deletei o blog.
Pior são os venenos que ficam no coração espizinhando as pessoas queridas, sem ao menos terem noção do que estão fazendo. Aqueles sentimentos que estão sempre pairando no dia-a-dia, assombrando os relacionamentos, machucando quem está por perto.
Na vida não existe borracha, não existe esquecimento.
O que existe é elaboração, perdão, compreensão. Mas como compreender o outro sem diálogo, se não sabemos o que passa em sua alma? Impossível. Será sempre considerado fraqueza, falha de caráter, egocentrismo e por aí afora.
As pessoas acham que podem conviver com pequenos machucados, mas ao somaram-se viram uma bola de neve e arrastam quem estiver ao seu lado. E isso é o pior de tudo: o julgamento implacável, sem direito a defesa, sem perguntas, sem interjeições, sem pausas, apenas com pontos finais. Ou aqueles que fazem de conta que ouvem, mas não escutam; que entendem, mas não compreendem. E o que fica? Sua visão fechada e encerrada sobre qualquer coisa.
Sim. As palavras ferem! Mas as palavras também libertam para os que tem coragem de, ao passar o dedo na ferida (sua ou alheia), ter a capacidade de compreender a dor, sem ignorá-la, e assim limpar seu coração.

08/02/2007
Paola Caumo

24.1.07

Sentires

Na ponta do lápis
um mundo se abre:
formas, cores, palavras.
Sentires, melodias.

Na ponta do teclado
a existência se descortina:
mosaicos de vivências,
espelhos da humanidade.

Na expressão da arte
tudo é possível
mesmo no mais improvável
o coração explode.

24/01/07
Paola Caumo

Sons

Um pensamento canta
viaja pelo sentir mutante
Na manhã que pia,
na noite que garla.
Os quadros permanecem imóveis
enquanto o dia gorjeia

Toca uma cantiga de ninar
Hora de apagar a sinfonia:
o silêncio clama.

Paola Caumo
12/01/07

Subliminar

Tons de voz, silêncios
Gestos, zombarias
O não dito entre o dito
Inércia.

Arquétipos do inconsciente
Sinais contínuos de
Emoções reprimidas.

No silêncio e nas palavras
a mensagem grita.

Paola Caumo
12/01/07

14.1.07

O meu poema

Para Marcelo

Se o poema fosse algo concreto
seria algo como o teu rosto depois do amor:
Pleno, sereno, suave.
Ou algo como tua fome antes de me ter:
Desejo primitivo, paixão desenfreada.
Ou algo como teu corpo enlaçado no meu ao adormecer:
Entregue, enamorado, feliz.
Ou algo como teu riso em nosso estar junto:
Alegre, descontraído, bem humorado.
Ou algo como tua atitude ao me amar:
Carinhosa, cuidadosa, solidária.

Se o poema fosse algo concreto
Teria tua forma e tua face
Tua maneira de amar.

Paola Caumo
01/12/2006

Pensar-te!

Tão bom nos lembrar
tão meu, tão tua
formas enlaçadas
almas cúmplices.

Tão bom te ter
tão bom te ser
pequenos sóis -
compartilhados.

Paola Caumo
10/01/2007